quinta-feira, junho 08, 2006

Multi-Players de estratégia

Os jogos de estratégia são jogos onde você cria um exército do nada, a partir de um único trabalhador inicial, e uma base central (claro que outros cenários iniciais são possíveis). Esse trabalhador pode construir uma casa que vai começar a criar guerreiros, a sua base produz mais trabalhadores, você precisa construir fazendas para alimentar todas essas pessoas, minerar ferro para construir armas, cortar árvores para ter madeira para poder construir mais construções que te tragam mais guerreiros, mais trabalhadores, etc, até você ter um exército poderoso o bastante para tentar vencer o outro exército, que também começou com um único trabalhador. O jogo acaba quando um dos exércitos acaba com todas as construções do outro.

Jogos neste formato se tornam multi-players quando ao invés de tentar derrotar o computador num embate direto, você tenta derrotar outro jogador real, ou mais de um. Oito jogadores num mesmo cenário podem se embater para ver quem é o mais rápido na criação de seu exército, ou o mais estratégico para conseguir as melhores formações de guerreiros e acabar com o outro.

Outro formato é aquele em que 2 ou mais jogadores se juntam para derrotar um grupo de exércitos do computador.

Cada partida pode levar até umas 3 horas mais ou menos. Jogos deste estilo famosos são o Warcraft, Starcraft, Civilization (um pouco diferente), Age of empires, etc.

É sempre bom falar de novo: não estou dizendo de forma nenhuma que qualquer pessoa que venha a jogar um warcraft com mais alguns amigos vão se viciar no jogo, assim como você sair com uns amigos para tomar cerveja não significa que você se tornará irremediavelmente um alcóolatra. O que estou dizendo é que se você tiver a propensão, e que se você estiver pessoalmente num monento difícil da vida, esses jogos podem vir a fazer alguns estragos.

Neste ponto devo contar o que aconteceu comigo e um amigo de outra cidade, que veio visitar nossa república e infelizmente não sabia onde estava entrando. Caso ele chegue a esse blog, vai saber exatamente que estou falando dele. Neste caso, saiba que eu estou escrevendo isso mais como um desabafo, apenas falando para os ares, já que provavelmente ninguem vai ler isso tão cedo. Se você achar que deve falar diretamente comigo, estou totalmente aberto, mas por favor não espalhe quem eu sou pra todos os conhecidos antes de eu me sentir preparado pra falar sobre o presente com as pessoas que mais importam na minha vida.

Bom, voltando à história: ele veio passar um fim de semana na minha república. Ele deveria chegar numa sexta feira de carona com a gente, e ir embora no domingo, de novo de carona, e pronto. Tenho certeza que ele esperava pelo menos uma noitada, um monte de conversa jogada fora, uns passeios na universidade, bastante TV com certeza, talvez até uma partidinha de basquete se a galera tivesse afim, mas o que ele não esperava eram 4 marmanjos enfurnados dentro de casa durante todas as horas que estivessem acordados, fora os poucos minutos de ir até o Mc Donalds ou outro fast food para comer o essencial, e voltar o mais rápido possível para o computador. Eram 2 computadores conectados e jogando 24 horas por dia.

Deve ser a cena mais chocante de se presenciar: um quarto, 2 camas, 2 computadores. 2 dormindo e 2 jogando. Quando os dois que estão jogando cansam, acordam os que estão dormindo, que vão imediatamente até o computador e começam a jogar. Os jogos eram o Starcraft e o Diablo II, e nenhum dos 4 viciados era o meu amigo. Ele veio de são paulo pra ficar comigo, e tudo o que eu conseguia fazer era convidá-lo a jogar, quando um de nós (normalmente eu, que era o anfitrião no caso) dava a honra, bem a contra-gosto, para ele tomar um dos nossos lugares.

Pois bem, vendo essa cena e sendo absolutamente gentil e simpático, ele não chegou a criticar muito duramente ou a desaprovar o que estávamos fazendo. Na sexta-feira provavelmente ele achou só engraçado o quanto tempo passávamos naqueles jogos. Será que era tão divertido assim? Ele jogou algumas partidas, mas era impossível acompanhar nosso ritmo de jogo, uma vez que já estávamos totalmente treinados, e sem paciência para ensinar um novato todos os truques. Ainda assim ele conseguiu se divertir um bocado, já que os jogos vendem tanto assim por que são de fato divertidos.

Entrando na madrugada e indo dormir de manhã, no sábado, no horário que ele estava acordando, a estranheza ficou maior. Mas como ele me tinha (e me têem ainda, graças a deus, como eu tenha a ele) em alta conta, não deu maior atenção. Por ser o anfitrião, e gostar de bater papo, eu saía daquele limbo do quarto (pra felicidade de quem tomava meu lugar) diversas vezes pra jogar conversa fora com ele. Nos nossos horários de refeição - duas vezes por dia, não mais que isso - ele conseguia convesar mais com a gente, embora os papos acabassem sempre voltando para os jogos novamente.

E foi assim de novo durante o sábado todo, depois o domingo todo, avançando na segunda (lembrando que ele tinha vindo com roupa e dinheiro para no máximo até o domingo), e finalmente a terça feira. Nesse momento, ele me chama de lado e diz: "pelamordedeus, eu preciso ir embora. Todas as minhas cuecas estão sujas, eu não tenho mais dinheiro pra comer, vocês não tem comida dentro de casa, e se eu tivesse dinheiro para o ônibus eu já tinha ido". Na época eu achei aquilo engraçadíssimo, zuei um pouco com ele, mas fiz com que o dono do carro, junto com os outros que iam pra são paulo com a gente voltássemos de fato naquele dia. Hoje eu realmente morro de vergonha da falta de responsabilidade, falta de companheirismo, de bom senso, de qualquer respeito com ele. Assim, de novo, se por alguma manobra bizarra do destino ele estiver lendo isso, eu sinto muito, do fundo do coração mesmo. Demorei muito pra perceber que poucas pessoas levariam aquilo tudo tão na boa quanto você.

Bom, este era o nível do vício que chegamos. Daqueles 4 viciados, 2 continuaram mais pesadamente nos anos seguintes, eu eu mais um, outro, pouco tempo depois mudou e conseguiu terminar muito bem a faculdade, e o último, que estava se preparando pra entrar no mestrado, mesmo jogando tanto quanto nós, entrou e conseguiu ser totalmente bem sucessido na vida acadêmica. Não é a toa que nós chamávamos ele de Mestre. Ia bem na universidade, jogava todos os jogos como ninguém, e ainda por cima ficou rapidamente noivo, depois de conhecer a namorada num desses encontros esportivos de faculdades em outra cidade. Valeu Mestre, espero que você continue exatamente como sempre, quieto mas divertido, sempre totalmente focado no que é importante de fato, como o trabalho, faculdade, relacionamentos, mas sempre sabendo dosar entre o divertimento também. Nunca vou entender como ele conseguia ser tão viciado quanto a gente, e ser tão bem sucedido em todo o resto. Talvez porque estivesse muito alienado jogando.

1 Comentários:

Às janeiro 15, 2008 1:09 PM , Anonymous Anônimo disse...

Bom amigo,Age of Empires, Jogos desse tipo sempre tem um fim,

se a pessoa joga off-line

e facil de enjuar, mais se joga Game on-line e bem pior..

Hoje jogo, Lineage II um Game online muito perfeito..

onde emvolve as emoções no fato de você querer ser forte, querar matar os outros..

não me considero um viciado, mais trabalho ne uma lan House e passo um bom tempo jogando...

ja deixei sim de fazer algumas coisas para jogar. mais isso todo mundo fais..

to tentando largar essa merda


Abraços

 

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