segunda-feira, outubro 29, 2007

Comentário do último post.

Vou apenas copiar e colar o comentário que deixaram no último post, pafa colocá-lo em evidência. Não vou introduzir, nem apresentar, nem nada, pois ele já diz tudo. É muito bom conhecer gente tão esclarecida e que ataque o problema de frente. MMORPG eu também já me viciei (as vezes me pergunto no que eu não me viciei), e esse pega pesado.

Todas as mensagens que acabo recebendo sempre me ajudam, e muito, e a sua não é excessão. Sempre acho triste descobrir mais alguém que está ou esteve com esse problema, mas por outro lado o fato do assunto ser mais e mais divulgado ajuda a diagnosticar mais pessoas para que elas possam ser ajudadas, ou pelo menos se ajudar. Vou bater nessa tecla até o fim: o vício existe, e só não se descobre tantas pessoas viciadas porque elas não sabem!

Um grande abraço e que você continue firme fora do mundo virtual. Acredito que nosso esforço para ficar longe, por mínimo que seja, sempre vai valer a pena.

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Saudações.
Conheci seu blog hoje, e li as suas últimas mensagens (3 últimas) e fico feliz de saber que você está em uma recuperação. Mas fico triste de saber que outras pessoas passam pelo mesmo problema que eu, afinal, achava que esse problema não era tão comum. Minha história não é muito parecida com a sua, mas com certeza já tivemos algumas experiências comuns.

Minha luta com os jogos já vem de pelo menos uns 6 anos (tenho 25). Digo 6 anos porque antes desse tempo eu não queria parar, só jogava. Decidi parar por volta de 2001.

Estou novamente em uma abstinência, já faz 1 mês que não jogo. Meu vício é com MMORPG. Conheço diversos e já joguei um monte. Quando jogo minha minha alegria depende disso, porque fico contente o dia inteiro já que sei que à noite poderei matar um monstro especial, pegar um item diferente, semana que vem poderei entrar em um clã, mês que vem poderei ter habilidades novas e lutar contra jogadores experientes e por ai vai. Seu combustível emocional vira a realidade do jogo.

Essa última abstinência que tive foi motivada por um fato que realmente me assustou. Sabe aquela espécie de transe que entramos quando jogamos? Não percebemos nada em volta e ficamos numa espécie de concentração plena, algo meio que suspenso no ar, não sei explicar. Bem, estava na cozinha e minha mãe falava de algum assunto que não lembro. De repente percebi que tive um transe desses, na cozinha, olhando para a minha mãe. Foi algo rápido. Quando acabou veio aquela sensação quando acordamos após um sonho: estou acordado, isso é a realidade ou é um sonho? Percebi que tinha acabado de perder contato com a realidade involuntariamente, não estava pensando em nada naquele momento e nem concentrado em algum tema, simplesmente o transe veio e se foi. Na minha interpretação, acho que por um momento não consegui distinguir entre realidade e ficção, tudo já estava virando uma coisa só. Nesse momento, resolvi tentar uma nova abstinência, mas vamos ver até quando, já estou cansado de recaídas...

Bem, mas entrei para falar algo que talvez lhe possa ser útil. Durante esses anos, o máximo que já consegui ficar sem jogar foram 6 meses, por isso, como já tive um grande número de recaídas, percebi alguns padrões em todas elas. Em resumo, vou contar os padrões que percebi comigo, claro que muita coisa pode ser diferente de sua experiencia, nem tudo pode bater com a sua personalidade, com você, mas talvez seja útil.

No começo da abstinência, após um forte período de jogatina, meses ou anos, normalmente, devo dizer que a euforia é grande, você fica muito feliz. Dá vontade de sair por ai gritando que você está livre, de contar para todo mundo que sua vida mudou. Você percebe tudo o que você perdeu nesse tempo, você percebe o quanto jogar é inútil, e ainda pior, percebe o quanto ele pode ser destrutivo para a sua vida. Isso comigo, pelo menos, é sempre assim.

Mas depois de um tempo, normalmente alguns meses, com as desilusões ou fracassos da vida, ou com a rotina estressante e outros fatores, o desejo começa a nascer de novo, começa a querer tomar alguns minutos de seus pensamentos durante o dia. O seu lado racional de repúdio ao jogo começa a ser substituído pelo lado instintivo do desejo. Você começa a entrar em fóruns, a ver mais notícias sobre jogos ou qualquer coisa que represente uma volta ao vício quase que engatinhando, bem aos poucos. Se você resiste a isso, pelo menos comigo é assim, bate uma certa depressão algumas vezes, você fica meio triste, sem vontade de fazer mais nada, a única vontade é deitar e dormir, tentar “se apagar”.

Pelo menos comigo, depois de alguns meses, eu mal posso pensar em um jogo que vem uma saudade, um prazer enorme, um desejo grande... Você sente o cérebro reagindo, parece que ele libera algo na sua cabeça que te faz sentir prazer, mas um prazer muito momentâneo, que acaba mais aumentando a saudade desse prazer do que aliviando alguma coisa. Segundo a reportagem da revista Época, matéria que achei seu blog, o que é liberado no seu cérebro é dopamina. Mas seja lá o que for, é real.

Bem, não sei, você já está também alguns meses sem jogar, e sinto certa euforia em seu último texto, então, caso o desejo comece a voltar aos pouquinhos, Deus queira que não, eu aconselho a tentar algo que estou tentando agora, e pelo menos até o momento está funcionando. A primeira coisa é ter muitos compromissos, de preferência todos longe do computador. Sempre se ocupe com algo, isso vai aumentar bastante o tempo de duração da sua euforia e do seu “ódio” pelo vício, aquele que disse que vem no começo da abstinência.

A segunda coisa que estou tentando fazer é achar um hobby que seja compatível com o jogo. Quero dizer, jogar é ficar com a mente em suspensão, naquela concentração plena no jogo, num estado quase que zen. E existe por trás disso a motivação, já que sempre nos MMORPG tem algo para fazer, para se conseguir, para se derrotar e etc. Para buscar esse mesmo efeito de suspensão e motivação, eu já tentei aulas de música, tocar um instrumento, mas não deu, o instrumento que escolhi é um verdadeiro inferno para se aprender, é uma viola (igual ao violino, mas um pouco maior). Muito difícil para se aprender, fiz uma péssima escolha.

Atualmente, estou tentando um novo hobby, desenhar. Algo mais fácil e prático. Consigo exercer minha criatividade, até mesmo desenhar coisas fantasiosas como os temas dos jogos. Se a concentração no desenho for plena, você consegue efeitos parecidos com o jogo. Toda vez que surgia o pensamento sobre jogos na minha cabeça, isso dentro desse mês que comecei a mais nova abstinência, transferia toda minha ansiedade, todo o meu desejo para o desenho.

A motivação vem dos fóruns que acesso. Freqüento sites de desenho, já vi disputas entre desenhistas que posso participar e etc. Estou procurando meios que me motivem a desenhar, justamente o que a empresa do MMORPG procura para você jogar.

Já comprei um livro e vou ver se consigo prosseguir com esse “tratamento”, se der, vou entrar em uma escola. É mais uma tentativa entre as diversas que já tentei, e todas fracassaram, mas estou confiante nessa agora. Nunca passei tanto tempo em abstinência (1 mês e 3 dias) com a facilidade que estou tendo, por isso a confiança.

Quero que saiba que, apesar dessa agonia em que vivemos entre o desejo e a abstinência, entre o real e a ficção, acredito que o fato de não estarmos sozinhos e encontrarmos outras pessoas que sofrem da mesma agonia é algo que te dá esperanças, mesmo que te deixe triste, porque fico muito chateado quando descubro pessoas jogando sua vida fora por algo tão estúpido e inútil quanto um jogo. Até dormir, como você deu a entender no seu último texto, acredito ser mais recompensador.

Lamentamos e aprendemos com as experiências alheias, ficamos tristes e felizes, o que é provavelmente uma boa síntese da vida humana. Aprendi com o seu blog, espero que tenha alguma utilidade para você também ou para alguém o que escrevi.

Um forte abraço!

1 Comentários:

Às novembro 20, 2009 1:06 PM , Anonymous Anônimo disse...

bom comeco

 

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